Monday, March 03, 2008

O que é um moleskine?
Vivemos num mundo de Palavras vazias.

Quer queiramos quer não, é assim que as Palavras se tornaram, não têm recheio, não têm valor, não têm peso, no fundo deixaram de ser Palavras. Quando foi que deixamos de pensar/pesar nas Palavras que usamos? Escrevia o Alvim no outro dia no seu Blog, que se deveria fazer uma lei para quem usasse sem motivo a palavra saudade. Embora não crendo que ele se referisse à Palavra em si, fez-me pensar sobre isso (neste momento deve haver uma série de pessoas surpreendidíssimas pelo facto de eu pensar. A meu ver, conhecendo-me como me conheço, bastaria este acontecimento para comprovar a existência de Deus). Quantas e quantas vezes usamos erradamente as Palavras, e delas erradamente nos apropriamos? Atrevo-me até a dizer, que constantemente as profanamos. Penso que o exemplo mais flagrante, será sem dúvida o uso e abuso da Palavra Amor, que como hoje em dia é usada, apenas como mera descrição dos nossos apetites, das nossas cobiças, da nossa avidez, nem me deveria ser permitido aqui o uso da Maiúscula. Faço-o no entanto com propósito, creio até com uma certa propriedade, se é que me é permitida uma certa prepotência.
Pois na verdade, as Palavras são muito mais do que meras Palavras, meros conceitos, meros instrumentos, dos quais nos servimos para exteriorizar a nossa razão, ou para não dizer o que realmente pensamos. A Palavras…tomando a Saudade como exemplo, voltando assim ao que dizia o Alvim e que me fez divagar sobre este assunto. A Saudade, não é apenas uma Palavra, que serve para que os outros saibam que experimentamos uma série de emoções, de sentimentos, que de uma forma ou de outra, divergindo consoante as características, a situação, até a história de cada um, são mais ou menos equivalentes entres todos. Isto é, quando eu digo a Palavra Saudade, todos saberiam relativamente ao que me referia. Naturalmente com certas restrições. Este é até um exemplo complicado e à parte, pois se eu a dissesse às pessoas que estão comigo na sala onde me encontro, certamente não me entenderiam, pois, de uma parte não entendem o português, mas mesmo que eu lhes tentasse explicar em alemão o que significa, poderiam apenas ficar com uma ideia, já que não existe uma palavra análoga para Saudade em alemão. Mas isto mostra também a importância da Palavra em si, que toda ela por si mesma transporta um valor, um peso. Ela é em si mesma a Saudade. Tem um peso, uma força, de todas essas emoções, de todos esses sentimentos, que faz movimentar quem a escuta. Como quando, no meio de uma multidão, chamamos alguém pelo nome. Não necessitamos de dizer se é gordo ou magro, alto ou baixo, loiro ou moreno, etc… A pessoa em questão reconhecer-se-á, ver-se-á espelhada no nome.
É por tratarmos de uma forma tão…leviana as Palavras, que por exemplo a expressão Palavra de Honra, na prática deixou de ter relevância. Aliás deixou de ter valor, e isso é bem visível, se atendermos à forma como a Palavra dada não é cumprida, e como ninguém se surpreende com isso.
Actriz? Sem duvida alguma Grace Kelly!
Estávamos no Algarve, junto à piscina. A pergunta era de uma daquelas revistas femininas, que nos dizem coisas que entram por um ouvido a quinhentos e saem a mil. Mas a desse dia, não sei porque, ficou-me no ouvido: como comes um gelado, depressa ou devagar, saboreando-o pouco a pouco? Na altura, a resposta era, devagar, saboreando-o até ao último momento, até que todas as pupilas gustativas estivessem satisfeitas, e se fosse possível, a seguir comia outro. Hoje, e tenho reparado nisso, seria, e é, depressa, quase sôfrego.